quarta-feira, dezembro 13, 2006

Criatura e Criadora

- Sob o ponto de vista da criadora:

Desde a minha última decepção amorosa - a segunda consecutiva - deduzi que era incapaz de amar novamente. Pessoas interessantes, no início, tornaram-se completamente dispensáveis após um erro de português, uma noite de embriaguez ou atos falhos repudiantes, como monossílabas repetitivas e citações de um passado recente.

Decidi ser a autora. Deixei de ser personagem.

Ser autora é mais legal. Pode-se manipular as personagens ao seu bel prazer, contornar a história para um drama ou uma comédia, adiantar o final, transformar tudo em felicidade no desfecho...

No entanto, não me avisaram que a personagem poderia crescer ao ponto de dominar a história e fazer do autor, um mero coadjuvante. Isso aconteceu comigo, com aquela que jamais acreditaria no amor. Com quem achava que amor AMOR só acontecia de mãe para filho e, ainda assim, nem sempre.

Minha personagem preferida se apaixonou. Tão rápida e ridiculamente que me fez ter vergonha de tê-la criado. Entrou em desespero a coitada! e por não ser pessoa, de carne e osso, agora dorme repetindo a seguinte frase:
"Como eu queria ser alguém, como eu queria ser alguém..."

Seu amor sabe de tudo, ela lhe foi sincera desde o começo:
"E por que não ser? Torne-se alguém. Quem sabe eu também seja um personagem? Um sonho num sonho?"

Ele não se interessaria por ela, se ela não fosse extremamente linda, bem-humorada (ao menos, quando estava com ele, afinal, sua natureza era triste), falante, passional e sincera. Gosta de sentir a música que ouve. E foi assim que ele a conquistou: fazendo-a sentir as músicas que lhe presenteava.

"Tudo o que eu quero é um sorriso ou dois" - e ela se imaginava sentada em um piano de cauda, usando um vestido azul justo, de paetês, cantando para o pianista, que era ele.
"Ninguém sabe o quão profundo o meu amor por você pode chegar"

Com sua fisionomia séria e serena, contava-lhe piadas bobinhas e conseguia fazê-la rir com facilidade:
"Se você é ninguém, então você sabe."

E ela sofrendo por dentro, por não poder ser alguém para passear com ele de mãos dadas pelas ruas escuras e molhadas da cidade, pela madrugada, chorava.

06.06.05

domingo, dezembro 03, 2006

Todas merecem ser amadas - menos eu

Eles sempre conseguem amá-las e respeitá-las.

Serem fiéis.

Kellens, Fernandas, Robertas, Carolinas, Cristinas, Alines, Kellys, Alessandras, Andressas, Marias, Renatas, Annas, Cláudias, Márcias, Nathalies, Yannas, Marinas, Karines, Corinas, Amandas, Tathianas, Rhodes, Brunas, Lucianas, Mônikas, Ritas, Giseles, Naomis e Isabelis. Menos Belle.

Eu sei amar errado. Como é o certo? Tentaram-me ensinar. Porém, consegui com que fosse embora sem olhar para trás. Sem querer saber. Até rindo de tudo isso. Do sofrimento, das lágrimas, da conversa com a matriarca, leoa, fada, bruxa, cobra, anjo.

Eles conseguem amar. O problema não é todo deles. Elas é que são amáveis. Dá pra amar. É fácil. Sorrisos entendedores. Ingenuidade invejada de poder acreditar em todas as mentiras claramente denunciadas pelo olhar ou pelas descobertas que sempre chegam sem avisar.

Gostaria de ser cega, surda ou burra para não enxergar.

Sendo que perdi a única pessoa que me respeitva por simplesmente eu não me respeitar.

Eles conseguem amá-las, porque são adoráveis.
E merecem ser amadas.


L'âge Mûr, Camille Claudel

domingo, novembro 26, 2006

Time is Running Out

I think I’m drowning
Asphyxiated
I wanna break the spell
That you’ve created

You’re something beautiful
A contradiction
I wanna play the game
I want the friction

You will be
The death of me
Yeah, You will be
The death of me

Bury it
I won’t let you bury it
I won’t let you smother it
I won’t let you murder it

Our time is running out
And our time is running out
You can’t push it underground
We can’t stop it screaming out

I wanted freedom,
But I’m restricted
I tried to give you up
But I’m addicted

Now that u know I’m trapped
Since ovulation
You’ll never dream of breaking this fixation
You will squeeze the life out of me

Bury it
I won’t let you bury it
I won’t let you smother it
I won’t let you murder it

Our time is running out
And our time is running out
You can’t push it underground
We can’t stop it screaming out

How did it come to this
Ooooh yayayayayaya
Ooooh yayayayayaya
Ooooh yayayaya oooohh

You will suck the life out of me

Bury it
I won’t let you bury it
I won’t let you smother it
I won’t let you murder it

Our time is running out
And our time is running out
You can’t push it underground
We can’t stop it screaming out

How did it come to this
Ooooh yayayayayaya
Ooooh yayayayayaya
Ooooh yayayaya oooohh



Dance essa música!

quinta-feira, novembro 23, 2006

A Sombra que não ficou para trás

2004.

Vai fazer dois anos em dezembro.

Muita coisa aconteceu. Infelizmente, tem gente que ainda se incomoda com essa época de minha vida. E trata como se o mundo não tivesse girado. Fingindo que tudo ainda é como antes.

Para frente olhei e andei. O passado foi ficando tão pequeno que nem dói mais. Porém ainda tem gente olhando de binóculo para esse tempo que não vai voltar...

Sim, o "Assombração" voltou. Com toda força e depois fugiu. Não foi por medo e sim, bom senso. O livro parece ter-lhe abrido os olhos. Agradeço a Deus. Enfim, mostrar-se-á como o homem maduro que nunca transpareceu ser.

Ledo engano. Ao encontrar tais observações vindas por e-mail, notei que deve ter comentado algo com a "Leitora do passado" (Lina). Que parece estar feliz com seu novo amor, no entanto, ainda enxerga 2004 como um passado recente.

Enterremos tudo, cara Lina. É difícil amar aos inimigos, como prega aqueles que são do bem.

Mas um dia eu consigo...

domingo, novembro 19, 2006

Borderline


Critérios diagnósticos para F60.31 - 301.83 Transtorno da Personalidade Borderline:

- esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado. Nota: Não incluir comportamento suicida ou automutilante, coberto no Critério 5[617]
- um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização
- perturbação da identidade: instabilidade acentuada e resistente da auto-imagem ou do sentimento de self
- impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (por ex., gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivamente).
- recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante
- instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor (por ex., episódios de intensa disforia, irritabilidade ou ansiedade geralmente durando algumas horas e apenas raramente mais de alguns dias)
sentimentos crônicos de vazio
- raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (por ex., demonstrações freqüentes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes)
ideação paranóide transitória e relacionada ao estresse ou severos sintomas dissociativos

Aspectos essenciais

- Padrão de relacionamento instável variando rapidamente entre ter um grande apreço por certa pessoa para logo depois desprezá-la.
- Comportamento impulsivo principalmente quanto a gastos financeiros, sexual, abuso de substâncias psicoativas, pequenos furtos, dirigir irresponsavelmente.
- Rápida variação das emoções, passando de um estado de irritação para angustiado e depois para depressão (não necessariamente nesta ordem).
- Sentimento de raiva freqüente e falta de controle desses sentimentos chegando a lutas corporais.
- Comportamento suicida ou auto-mutilante.
- Sentimentos persistentes de vazio e tédio.
- Dúvidas a respeito de si mesmo, de sua identidade como pessoa, de seu comportamento sexual, de sua carreira profissional.

sexta-feira, setembro 29, 2006

A Maçã

Se esse amor ficar entre nós dois

Vai ser tão pobre amor, vai se gastar

Se eu te amo e tu me amas
E um amor a dois profana
O amor de todos os mortais

Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais

Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar?

Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa no altar

Quando eu te escolhi para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma, ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi que além de dois existem mais

O amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro mas eu vou te libertar
O que é que eu quero se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar

domingo, julho 16, 2006

O Abandono

Enquanto chorava, fui acionada: "Siiim... qual a programação de hoje?.

Não pude desmarcar o encontro com o amigo. Aquele que entende e não se aborrece com nada. São coisas que acontecem....

Após ligações que me tiraram do sério novamente, dessa vez, ELA me importunava, enquanto eu sentia vontade de me jogar do carro a fim de ser atropelada por um ônibus nojento que não pára para velhinhas.

Ele me levou ao lugar mais bonito da cidade, onde havia, por coincidência, uma exposição da artista Camille Claudel. A amante preferida de Rodin. Que ironia!

Ela enlouqueceu após o rompimento com ele, já que ele se negava a separar-se da mulher, com quem ficava por puro comodismo.

Pensei muito e ouvi. Atendi à ligação e fui fria.

Não quero isso para mim. A mulher entrou em depressão, entregou-se às drogas e, no final, ficou doida.

Não é justo.


segunda-feira, julho 03, 2006

Poema da Outra

É ela com quem queres casar-te.
Comigo queres te divertir.

Eu faço tudo o que tu queres.
Ela é tudo o que realmente precisas.

Ela aceita a condição imposta (embora não saiba).
Eu sei da condição e não a tolero.

O que sinto é superável - todos acham.
O que sentes, não - tu achas.

Não tens escolha.
Ou ficas com as duas,
Ou sofres um pouco mais.

Minha autoria

domingo, junho 25, 2006

Sem Título

Beijo
Traduz o desejo
Com gosto ainda de queijo
Do café servido
Pelo belo
Bem amado
No dia que descortina.

Beijo
Seduz com manejo
Com a língüa
Que desatina
Mexendo com o corpo
Que alucina.

Beijo
Abusado,
Melado,
Molhado
Traz o pecado
Todo tatuado.

Beijo
Dá medo
Quando arrepia
Os pêlos
Tremendo a carne.

Beijo
Inicia a magia
Traz a harmonia

Com toda agonia
Que vem com o tesão.

Beijo
Silencia
Quando dá lugar
A noite fria
Que vem a se queimar
Com o reflexo do luar
A iluminar
O ato mais explícito


Feito para mim, por ele.

quarta-feira, junho 21, 2006

O Jogo da Amarelinha (Rayuela)

Toco a sua boca, com um dedo toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha no seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você.

Você me olha, de perto me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de cíclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, se aproximam uns dos outros, sobrepõem-se, e os cíclopes se olham, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se no seu cabelo, acariciar lentamente a profundidade do seu cabelo, enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragância obscura. E se nos mordemos, a dor é doce; e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água.

(Julio Cortázar)

sábado, maio 27, 2006

Mais uma Carta

Se és tu quem bate à porta, por que não entras?

Então me vês e viras as costas. Abraças uma guria alta e desconhecida. Seria ela de um mundo diferente ao nosso? Alguém mais maduro que nós, que não costuma brincar e leva as coisas muito a sério para sorrir no meio do caminho...

E com ela, observas minha felicidade falsificada em sorrisos fabricados. E os movimentos que tento disfarçar, balançando o corpo para distrair-te de minhas pernas trêmulas e confessas.

E se não fosse a pouca luz do ambiente, terias percebido o olhar triste o qual cultivo desde que partistes. Não fosse a música alta, notarias o tom embargado de minha voz, tentando disfarçar o que estava à mostra.

Mesmo assim, sobrevivo. Sem saber o que queres e por que ages assim.

Apenas caminho tentando não pensar nisso...

quinta-feira, maio 18, 2006

Iniciativas

- assumir o que sou. Personagem literária e fim. tenho passado e presente. O futuro à Criadora pertence. A mim, só resta rezar para que ela me quiera o melhor.

- voltar ao ballet. Fiz a matricula. Assisti à minha amiga-dançarina-flamenca dançar. Chorei com o rodado de sua saia vermelha e preta e ao ouvir suas castanholas. sábado era dia de flamenco. Amanhã, sexta, reinicio as aulas de ballet.

- levar o Sebastian para tosar, dar banho. Passear com ele, se der. Programação de fim de semana. O coitado anda cabisbaixo com toda a minha paralisação. Sinto que ele sabe como me sinto. Talvez eu tenha uma má influência sobre o humor do meu cachorro. Tomara que ele não se aventure a comer exacerbadamente como a dona. Um labrador obeso seria dose...

domingo, maio 14, 2006

Caio Fernando Abreu

"Continuo a pensar que quando tudo parece sem saída, sempre se pode cantar. Por essa razão escrevo.”

terça-feira, maio 09, 2006

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

sexta-feira, maio 05, 2006

Música para Stripe-Tease

Na primeira vez que ouvi essa música, diminuí a luz do quarto e, na penumbra, comecei a da dançar na frente do espelho.

A batida, o sussurro, os olhos fechados imaginando estar em uma boate, aparentemente sozinha, com holofotes à minha mira - não enxergando ninguém, apenas sentindo o tuntz tuntz rítmico que incita os ânimos.

IDIOTÉQUE

Who's in bunker, who's in bunker?
Women and children first
Women and children first
Women and children
I'll laugh until my head comes off
I swallow till I burst

Until I burst
Until I..

Losing bunker, losing bunker

I've seen too much
I haven't seen enough
You haven't seen enough
I'll laugh until my head comes off
Women and children first
And children first

And children..

Here alone, everything all of the time
Here alone, everything all of the time

Ice age coming, ice age coming
Let me hear both sides
Let me hear both sides
Let me hear both..

Ice age coming, ice age coming
Throw me in the fire
Throw me in the fire
Throw me in the..

We're not scaremongering
This is really happening, happening
We're not scaremongering
This is really happening, happening

Mobiles swirking
Mobiles chirping
Take the money and run
Take the money and run
Take the money..

Background:The first of the children


(Radiohead)

quarta-feira, maio 03, 2006

De novo, não!..

Há mágica no olhar. Tudo é assim, cor de rosa, fugindo do azul que me persegue.
Mal posso escrever de tão trêmulas as mãos.

Eu o vejo assim, distraído, como quem acabou de nascer e só se preocupa em abrir os olhos.

Ele não me vê, porém posso sentí-lo como a chuva que toca e gela o meu enrubescido rosto.

O coração se debate em paredes apertadas, fazendo soar o tuntz tuntz tuntz tão peculiar e tão clássico.

Já aconteceu outras vezes e percebo-me fugindo de mim, apertando os passos como se fugisse de um cachorro enraivecido ou deste sentimento tão bom e que me faz tão mal, agora.

Socorram-me, tirem-me daqui!! Nâo pode estar acontecendo novamente.
Não por ele...

domingo, abril 23, 2006

Não há fingimentos, apenas sentimentos

É uma enchente de emoções misturadas e arredias que me consome.

Uma mistura de dúvida, ansiedade, paixão, medo, esperança, curiosidade, amargura, tristeza, RAIVA e, finalmente, compaixão de mim mesma. O pior deles.

"que é pra ver se você volta, que é pra ver se você vem, que é pra ver se você volta pra mim..."

Enquanto eu não colocar na minha cabeça a idéia de que SÓ EU POSSO ME FAZER FELIZ, continuarei assim. Ouvindo conselhos, chorando alto enquanto estou sozinha em casa, chorando baixinho durante a aula, no fundão, enquanto finjo escrever a matéria que o professor dita.

Números, contas, administrações. Como administrarei os negócios que minha mãe demorou anos para estabilizar, apenas com a herança de meu pai - aquela pouca que ele guardava para pasasr férias no Brasil - terra de mamãe, só para vê-la MAIS feliz, uma vez no ano. E ela conta com tanto orgulho... lembra dele como se ainda fosse vivo e a mantivesse feliz mesmo com a sua ausência.

Ela sim, é realmente feliz. Sozinha, com seus negócios.
Não fosse eu, filha problemática desde os quatro...

Eu quero me consertar. Deixar essa revolta interna esvair-se. Sem fingimentos ou sorrisos amarelos. Sem a demonstração de que sou a mulher mais forte do mundo, de que não me abalo com tantas provações pelas quais tenho passado durante a minha vida toda.

Exemplo? Bah... parece tudo encenação, mas não é.

Quem se importaria em ouvir essas histórias? Poupe-me! Poupo-te!

Limito por escrevê-las em necessidade de expressar o que sinto. Em necessidade de conhecer alguém que sinta o mesmo. Em necessidade de que alguém me entenda... Necessito.

Este é um blog de lamúrias. Você já sabe disso.

"E o meu coração, embora finja fazer mil viagens, fica batendo parado naquela estação..."


* Citações de Adriana Calcanhotto.

terça-feira, abril 18, 2006

One Month Girl

Eu já deveria ter-me acostumado.

Um mês e vai. Assim foram os cinco namoros que ocorreram após a partida do gordinho, que me abandonou pelo medo que tinha de, de repente, eu "virar" uma mulher bonita e traí-lo. Vê se pode!

Os subseqüentes, todos lindos de morrer, cobiçadíssimos pela comunidade feminina da cidade, idolatravam-me como se eu fosse a Deusa na Terra (enquanto me portava apenas como personagem). Em um mês, descobriam que eu não era só um corpo magro e alto e um olhar distante. Notaram que eu era uma vida, independente, muito revoltada e com muita mágoa guardada no coração, apesar de ainda manter o humor gordinho que me acompanhou desde os quatro anos.

Nem sempre as pessoas gostam de sarcasmo nas entrelinhas. Gente inteligente como eles, sempre as decifram. E se machucam. Não os culpo. Apenas os entendo.

Todos eles tiveram razão de me deixar.

O primeiro (dos cinco), morava longe e não poderia viajar.
O segundo, traiu-me e espalhou na internet para que mundo soubesse. É o único pelo qual não tenho o mínimo de respeito. Fiquei quatro meses com ele e pouco me lembro dos momentos alegres que tivemos. Parece que não durou nenhum mês.
O terceiro veio em represália ao segundo. Batata! A magia virou-se contra a metida a Feiticeira. E este fez estrago na minha vida, por mais de um ano, mesmo que o namoro só tenha durado uma semana. Trocou-me por uma "menina" bem mais nova, gordinha e sensível. Porém com um gênio forte e que tentou tornar a minha vida um inferno, mesmo depois deles já terminados.
O quarto veio e foi embora, para sempre. Viajou.
O quinto, invadiu a minha vida. Eu não queria. Fugia. Contudo não consegui resistir aos seus encantos e nem reza braba me faz esquecê-lo.

Bastam alguns meses... para a história (ou o fardo) repetir-se e tudo voltar ao começo.

Mais um namoro de um mês. Quem será o próximo?

sexta-feira, abril 14, 2006

Luís Fernando Veríssimo

Goste de alguém que te ame, alguém que te espere,
Alguém que te compreenda mesmo nos momentos de loucura;
De alguém que te ajude, que te guie,
Que seja seu apoio, tua esperança, teu tudo.

Goste de alguém que não te traia, que seja fiel,
que sonhe contigo, que só pense em vc,
que só pense no teu rosto, na tua delicadeza,
no teu espírito;
E não só no teu corpo, nem em teus bens.


Goste de alguém que te espere até o final,
de alguém que sofra junto contigo, que ria junto a ti,
que enxugue suas lágrimas;
Que te abrigues quando necessário,
que fique feliz com tuas alegrias e que te dê forças
depois de um fracasso.

Goste de alguém que volte pra conversar com
você depois das brigas, depois do desencontro.
De alguém que caminhe junto a ti, que seja companheiro,
que respeite tuas fantasias, tuas ilusões.

Goste de alguém que te ame.
Não goste apenas do amor.

Goste de alguém que sinta o mesmo por você..


* Preciso seguir o conselho de um dos meus mestres...

quarta-feira, abril 12, 2006

Tempestade


A tempestade é um livro. A tempestade é uma arte. Na verdade, é um álbum que está presente em todas as minhas perdas. Foram muitas desde a mudança. Desde que perdi o gordinho com quem eu casaria.

Namorei com ele desde os 15. E aos 19, ele me deixou. Deixou-me ouvindo o CD o qual me presenteara, certa vez.

"O sândalo perfuma o machado que o feriu. Adeus, adeus, adeus, meu grande amor..."


Veio W, B, M1, N, M2... E agora, A... todos se foram levando uma parte do que havia de "ainda feliz" em mim.

"É complicado estar só
Quem está sozinho que o diga
Quando a tristeza é sempre o ponto de partida
Quando tudo é solidão
É preciso acreditar num novo dia"


Nunca deixei de acreditar, mesmo tentando negar a minha formação, a minha crença, o meu desejo de estar junto com alguém PARA SEMPRE.
Negando. Sobrevivi a todas as perdas negando. Sempre sorrindo com um olhar sereno. Mesmo que com sorrisos tímidos e amarelos. Olhando para baixo a fim de esconder a janela de minha alma triste.

"Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho, força e cuidado"


O mundo semre foi assim. Sorria e ele sorrirá com você. Chore e você chorará sozinho.
Incontáveis as vezes que me escondi para chorar. Enquanto olhava minha cara inchada no espelho, desesperada por não condizer mais o que eu realmente sou. Tudo é um paradoxo. O "eu" que todo mundo vê e o "eu" que só eu sei que existe. O "eu" que eu teimo em esconder. O "eu" que eu ainda não aceito.


"A paixão já passou em minha vida
Foi até bom mas ao final deu tudo errado
E agora carrego em mim
Uma dor triste, um coração cicatrizado"


Levo assim, calada. Vivendo em um mundo de enganos, de erros. Não sou eu, nem a criadora (sim, a Deusa, não o Deus), nem eles. Foi o astral.
Já chega!


"Eu nem sei por que me sinto assim
Vem de repente, um anjo triste perto de mim
(...)
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim"


* Trechos do álbum A Tempestade ou O Livro dos Dias, da Legião Urbana.

sexta-feira, abril 07, 2006

Tristeza

Ando pela rua com o olhar baixo, lágrimas querem satar dos meus olhos, teimando a minha vontade de segurá-las ali.

Me sinto vazia, porém um tanto pesada.
A garganta semi-fechada, quer embargar o que quer ser derramado em qualquer hora ou local.

Há tremores nas mãos. Já não consigo me concentrar.

Ela me bate, invadindo a alma. E todos percebem e comentam: "hoje a Belle está triste". E ninguém percebe que sempre FUI triste.

Semeando o mesmo pensamento há dois anos, desde que o homem-da-minha-vida me deixou.

O meu gordinho feliz, simpático, que não aguentou tantas mudanças. Não aceitou a minha submissão em frente às vontades de minha mãe. Via-me emagrecendo, embelezando... deixou-me.

"Você é maravilhosa, mas agora merece algo melhor".

Mereço mesmo?

Homens lindos e podres por dentro. Foi assim. E nesses dois anos, foi decepção atrás de decepção. Procurando sempre alguém, não melhor, mas apenas BOM para mim.

Não nasci mais para o AMOR. Ele veio e já foi.

Agora acontecem paixões avassaladoras que não duram mais de um mês. Quando duram isso, não ultrapassam os quatro meses.

Agora estou assim: fadada ao "azar no amor".
Com a sina de carregar a tristeza e o conformismo para onde quer que eu vá.

E daqui a pouco, estarei sorrindo.
Porque "fingir estar bem" tornou-se a minha especialidade.

segunda-feira, abril 03, 2006

A Síndrome do Início de Namoro

Não se acontece com você, mas como comigo acontece SEMPRE, por isso elaborei uma teoria boba sobre o período de início de namoro.

Assim que me enlaço a alguém, começo a repentinamente, encontrar certas pessoas do meu passado, ou que nunca mais haviam aparecido e justamente nessa hora, resolvem dar o ar de sua graça em minha vida.

De repente, aquele seu ex-namorado com o qual você passou dois anos de sua vida, resolve comprar um cd na mesma hora que você e no mesmo local. Ou você acaba por encontrar toda a família da ex do seu atual namorado fazendo compras no SEU supermercado.

Também acontece o caso de um rapaz lindo, inteligente e engraçado para quem você sempre deu bola, que subitamente começa a se aproximar de você, sem mais nem menos.

Parece que a pessoa em início de namoro atrai certas situações.

Comigo já aconteceu de, no segundo encontro, um pombo ter-se despedido de suas necessidades habituais em pleno vôo, sobre a cabeça do que ainda seria o meu quase-noivo-aspirante-a-homem-da-minha-vida. Situação tragi-cômica da qual ainda me lembro com alguma diversão, apesar de tudo.

Seria uma longa história a ser destrinchada, a deste relacionamento, cujo término teve relação direta com a minha "mudança radical forçada". Assunto para um outro post - já que, no início de um namoro, devemos protelar os assuntos do passado para bem tarde.
Mesmo que eles teimem a aparecer diante de nós, assim, como a síndrome de Início de Namoro, a qual descrevi acima.

quarta-feira, março 29, 2006

Sempre a mesma história...

Desde a "transformação" tem sido assim...

Ele olha, de longe. Lança olhares de simpatia e sorri. Se retribuo, chega perto.

O papo se torna interessante. Ficamos. Se dá certo, namoramos.

Então ele começa a perceber que sou simples. Não uma linda garota que sai em busca de paqueras ou encontros, e sim algupem que sai para se divertir.

No dia-a-dia, visto jeans e uma camiseta apropriada para o calor da cidade, nem muito aberta, nem muito fechada, apenas confortável. Não penteio o cabelo quase nunca - grande vantagem de ter os cabelos lisos. Dispenso maquiagem, uso filtro solar. É preciso.

Ou seja, aquela imagem de novela, a modelo, a mulher ideal, vista à noite, durante a balada, esvai-se. O sonho também, assim como, a felicidade do meu parceiro em exibir seu grande troféu.

Vê que o troféu está por dentro - e tenho certo orgulho disso. O fato de ter sido sempre a mais gorda da classe, e a mais feia das minhas amigas, fez-me lapidar o que havia de bonito em mim: a personalidade.

Mamãe tratou do resto. Investiu na cirurgia bariátrica, pagou plásticos, massagistas, personal trainer, nutricionista. E eu, submissa-escrava e, sim, até grata, suportava todo o sofrimento de carregar pesos, comer sabiamente (mesmo podendo ingerir chocolates, queijos e tudo de mais maravilhoso que há no mundo, sem o risco de engordar) apenas para agradá-la.

Pelo visto, ela está feliz agora.
Mas, para mim, de nada adiantou tudo isso.

Eles continuam preferindo a supericialidade natural daquelas que sempre foram belas.

sábado, março 18, 2006

Para meu amigo E.

A história continua.
No mesmo tom.
Na mesma voz.
Sob o mesmo olhar.