domingo, setembro 16, 2007

Sinto-me como Hannah

Querida Hannah,

Estava eu embebido em um de teus livros, quando um pensamento tomou conta de mim. Fiquei a imaginar o quanto pessoas que se dizem viver tão bem sozinhas, talvez sejam as que mais necessitam de companhia. É como se você se acostumasse a essa solidão. Lembro de uma frase de um dos meus escritores favoritos (Bukowski) que diz mais ou menos assim: “Você fica tão sozinho que, às vezes, isso começa a fazer sentido”. E realmente, é como se a solidão se aconchegasse a ti. Ela te trás uma calmaria enorme e, em tempos, esta calmaria te distancia de vários problemas não tão simples de resolver como: lidar com uma decepção amorosa.

Amar é tão forte. São sentimentos que tomam conta de ti e não pareces ter controle algum sobre eles. Logo, assim como tua felicidade pode ser incontrolável, o mesmo se dá com o sofrimento. É uma dor que te visita sem pedir licença e sem avisar quando irá te deixar. Viver nesse momento onde pareces não ter controle nenhum sobre o que se passa por ti, dando de cara com teus piores jeitos de ser, onde te sentes tão dependente. Tão criança. Choras por que não tens aquilo que tanto queres! Conviver conosco nesses momentos, para muitos, é uma experiência terrível. Daí o porquê de tantos quererem viver sozinhos, ou mesmo acompanhados, mas sem sentimentos, só com um corpo ao lado. É mais fácil fugir das decepções abraçando a tranqüilidade de uma vida cheia de amigos, família e trabalho, mas sem aquilo que todos os sozinhos e os “fingintes-acompanhados” sonham: encontrar aquela plenitude de um romance a dois.

Sonham sim! Mas nem todos percebem, pois a dor das ultimas decepções faz questão de manter isso bem escondido. Mas a paixão é fulminante, ela aparece quando menos esperas e desentoca tudo que estava escondido e que nunca se aprendeu a lidar, pois ao invés de encarar, nós escondíamos em algum lugar em favor de nossa bendita tranqüilidade.


Eric Alvarenga

2 comentários:

Anônimo disse...

Não daria pra ser mais verdadeiro do que isso. (E eu não quero me acostumar com a solidão).

beijinhos

Anônimo disse...

Mais uma vez me surpreendo com o texto.
Adorei.
Obrigada pela visita ao meu blog ;)

Mas como assim a personagem não é verdadeira sendo que a história é?

Adorei, pena ser tão triste.

E eu não quero nunca me acostumar a ser sozinha. Não quero que isso faça parte de todos os meus dias embora ultimamente tenha sido.

Beijos ;)