quinta-feira, setembro 13, 2007

Carta ao Barba

Conhecemo-nos no dia 30 de abril de 2004. Eu me lembro como se fosse ontem. Foste apresentado pelo meu namorado, na época, o Bê. Vestias uma camisa azul. Compraste-nos água, mesmo sem pedirmos. Obrigada.

Achei aquilo fofo, eras grande, gordo, abrias os caminhos apertados para passarmos. Era dia de festa. Naquela época eu ainda não conhecia muitas músicas deles. E ainda cantava errado a mais famosa delas.

Fomos lanchar naquele ônibus. Todos nós. Contaste que eras poeta, fazias direito e tua mãe era administradora, como eu, e professora, mas não da minha faculdade. Tinhas um blog. "Como parar de fumar e ser um homem de negócios", ou algo assim. Eu me lembro. Lembro do teu nariz perfeito e que chamava a atenção. Sim, eu tinha namorado, mas fiquei deslumbrada.

Um dia saímos para assistir um filme épico. Eu acho que, neste dia, eu usei o meu all star, foi quando percebi o quanto eras alto.

No começo de agosto o meu namoro acabou. Eu tinha sido traída, mas eu já o havia traído... em pensamento... e contigo.

Encontramo-nos novamente em meio à multidão e me perguntaste: "Cadê o teu namorado?". E respondi sorrindo: "Ex!". Respondeste: "Ah, desculpa, eu não sabia", e eu sorri de novo: "Tudo bem". :)

Foi neste dia que trocamos e-mails.

Duas semanas depois, vieste ao nosso encontro em uma festa. Disseste a uma amiga que eu era muito bonita. E eu te levei "prali". Uma banda de rock local tocava "A Flor", do mesmo artista do show em que nos conhecemos. E a gente se beijou. Lembro que, quando estávamos sentados à mesa, uma garota no segundo andar gritou: "Aê! Barba se deu beeeeeeeem!". Coisa de adolescente... que era o que éramos. era catorze de agosto de 2004.

Eu usava creme para espinhas, ainda... lembro da minha pele irritada por causa da tua barba.

Escrevi algo sobre aquela noite e pediste explicação. Saímos mais alguns dias sem compromisso algum. Fomos ver aquele fime que não chegamos a assistir, tomamos o sorvete politicamente incorreto, enquanto me contavas o jeito do ex quando contaste a ele que agora estávamos saindo. Quase acertaste quando chutaste minha altura...

Tiraste a foto com o palito de fósforo porque eu não queria posar contigo. Jogaste fora o meu chiclé de canela. E a gente conversou no mesmo ônibus do primeiro dia.

Quando me pediste em namoro, não acreditei, ri, tirei sarro. Você? Logo você? Vou pensar...

Recitaste Nietzsche, versículo 37, eu acho... falaste do fogo e do ar... comparando com a paixão e eu sorri.
"Tu gostaste". E eu disse sim. Naquela poltrona amarela, observando o desktop hipercolorido do seu computador. Todos aqueles livros, o leitão, a joaninha, a foto de você magro, a coletânea do Roberto Carlos em mp3, Sonnet. E eu saí dali. Tu me observaste da porta do apartamento. Eu entrando no elevador e tu dizendo: "Te cuida".

Sorri e não acreditei. Era tua namorada. Quase fui atropelada, com essa mania de atravessar a rua sem olhar, de tão feliz. Enfim...

Apareceste um dia após a festa da minha vida, depois de não ter comparecido a ela. Deverias estar conhecendo a que seria minha substituta, beijando-a após fazê-la mastigar todas aquelas mentas super-fortes, afinal, ela estava bêbada e tinha acabado de vomitar a pizza, ou lasanha, que havia comido.

E a gente terminou, no dia em que saímos para comer a batata suicida e ver livros na farmácia. Entardecia. Era um dia triste. Eu usava azul, e óculos. Tu usavas uma daquelas camisetas alaranjadas de nome "sábado à tarde". Was it over?

Que nada...

Em 2005, outro encontro no cinema. Em 2006, outros tantos...
E, agora, de novo, e de novo...

Por que não acaba?
Porque não acaba com a gente.
E não acaba de vez, comigo?

Se tudo o que é bom dura tão pouco...
Isso deve ser um tanto ruim.

Deveria, mas não é.

5 comentários:

Anônimo disse...

Gata,

Vc some de vez em qdo mas, qdo reaparece, vem com tudo, hein?

bjs

nil

Anônimo disse...

Nossa. Nossa. Nossa. Eu quase chorei aqui. Li ao som de "Meu vício agora" e me derreti. Irmã, uma de nós tem que começar a ser feliz logo, pra outra ser também. hehe. Amei o poeminha do final. Vou até pegar emprestado e escrever na minha agenda. Pois é, eu tenho agenda até hoje. É tão ruim crescer. Agora estou ao som de "Devolva-me". "Não me procure mais, assim vai ser melhor, meu bem..." Ufa. Vai ser melhor. beijinhos

Anônimo disse...

Nooooooooooooossa...
primeira vez que eu passei aqui e to boquiaberta...

Essa história é real????
Como assimmm???
Pq trocar vc por outra????

Achei lindo o texto apesar de ser triste

Beijos ;)

Estuda, Doido! disse...

Nossa, bem que havias me dito que era uma história enorme. Realmente é! Mas é tão bem escrita e tão cheia de detalhes gostosos de se ler que ela acaba sendo bem "pequena".

Adorei!

Beijos

START TO FELICITY disse...

Parabéns "fera", muito bom seu texto...

"Triste sim, mas não será assim pra sempre"

GA